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Lua Antropofágica

Foto do escritor: Priscila SissiPriscila Sissi



"Lua Antropofágica"   
Releitura de "A lua"(1928) de Tarsila do Amaral
Artista: Priscila Sissi  
Acrílico sobre tela de 100 x 100 cm  
Ano: 2021  
Local: SP-Brasil

Marco da pintura antropofágica da grande Tarsila do Amaral, "A Lua" é a obra que representa o rompimento definitivo da artista com a tradição da pintura, tornando-se uma das mais importantes obras da primeira geração modernista.


À primeira vista, parece uma pintura simples em cores limitadas: amarelos, brancos, azuis, roxos e verdes. No entanto, "A Lua" de Tarsila inaugurou uma espécie de surrealismo brasileiro, conjugando as tendências da vanguarda artística européia com elementos tipicamente brasileiros.


O "cromatismo explosivo e exótico"* que caracterizava o estilo de Tarsila é posto como plano de fundo de uma figura antropomórfica surreal, que sugere uma forma humana, mas que também se assemelha ao mandacaru, uma espécie de cacto típico do Brasil.


Com o tom onírico que eleva a imagem ao além do real, como pretendem as obras surrealistas, esse cactus-homem surge contemplando o espetáculo do amplo horizonte de matizes escuras e profundas com nuvens brancas e robustas iluminadas pela protagonista: a lua.


Revisitar o lirismo de uma obra tão importante propõe repensar as relações do homem com o mundo que o circunda, assim como o significado do próprio homem diante da natureza que o gera e que possibilita a sua existência.


Segundo a mitologia tupi-guarani, a Lua (Jaci) e o Sol (Guaraci) foram os deuses responsáveis pela criação do mundo, gerando a humanidade a partir de estátuas de argila acrescida de outros elementos da natureza, às quais se deu o formato do homem e da mulher e, então, o sopro de vida. Assim, para a cultura indígena, o rito, o homem e os espíritos da natureza compõem um só lugar, de tal modo que um não pode estar dissociado do outro: são um todo único e precisam estar em harmonia para que continuem a existir.


A integração de formas proposta pela releitura vem, justamente, no sentido de fusão e harmonização entre os elementos, existência humana e mundo circundante, de tal forma que se agreguem e se compreendam como unidade, de cuja inerência depende a própria sobrevivência.



 

* OLIVEIRA, Joana. ‘A Lua’, de Tarsila do Amaral, chega ao MoMA e consagra brasileira no panteão modernista. El País. São Paulo, 27 de fevereiro de 2019. Disponível em <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/27/cultura/1551291870_688892.html>. Acesso em 11 set. 2021.





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