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Rio Antropofágico

  • Foto do escritor: Priscila Sissi
    Priscila Sissi
  • 20 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura


"Rio Antropofágico" 
Releitura de "Cartão-Postal"(1929) de Tarsila do Amaral   
Artista: Priscila Sissi   
Acrílico sobre tela de 100 x 100 cm   
Ano:2022 
Local:SP - Brasil

Inspirada na obra "Cartão-Postal", a releitura "Rio Antropofágico" retoma as cores ousadas que Tarsila do Amaral empregou para retratar a cidade do Rio de Janeiro, a colorirem a paisagem verdejante e montanhosa, que se estendem desde o primeiro plano até as colinas mais retiradas, ao fundo.


Em primeiro plano, um macaco carregando o filhote nas costas reclina-se sobre a copa de uma frondosa árvore, representado sob as formas peculiares das figuras antropofágicas típicas da artista. Ambos têm os olhos voltados ao espectador.


Ao fundo, distribuem-se a vegetação rica e diversa, pequenas edificações e o azul vivo que liga a água abundante que compõe a paisagem, unida ao azul do complexo geológico ao qual se atribui a representação do Pão de Açúcar , até atingir o vibrante azul do céu carioca.


A releitura, concluída na época de comemoração do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, vem saudar a ruptura com as formas acadêmicas de arte que o modernismo proporcionou, inaugurando um tempo de liberdade de formas, cores e interpretações.


As figuras convertidas, agora, em uma sobreposição geométrica de cores, transcendem o modernismo e ganham os traços da arte contemporânea, legando ao espectador que as conexões e assimilações lhe proporcionem uma sensação ou um entendimento único e subjetivo.


E, assim, a depender da visão do espectador, aquele Rio pode simplesmente já não representar a cidade, mas simplesmente o rio, de águas ou de sentimentos; o rio que é e que corre por si, ou o rio que nós mesmos somos e que contorna nossa paisagem interior.


Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.*

* BANDEIRA, Manuel. O rio. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

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