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"Cores de Antropofagia"
Releitura de "Antropofagia"(1929) de Tarsila do Amaral
Artista: Priscila Sissi
Acrílico sobre tela de 120 x 120 cm
Ano: 2020
Local: SP - Brasil
Em mais uma releitura da arte de Tarsila do Amaral, a obra "Cores de Antropofagia" revisita a obra original "Antropofagia", de 1929 — um dos mais conhecidos trabalhos da fase antropofágica da artista.
A reinterpretação aqui proposta, propositadamente, amplia a imagem, que originalmente contava com 72 cm de altura por 85 de largura, para um grande painel quadrado de 120 cm por 120 cm, conferindo uma divisão cubista mais geométrica e dimensional, com o desdobramento das cores originais em suas diferentes matizes.
Já faz muito desde a publicação do "Manifesto Antropofágico", de Oswald de Andrade, mas é certo que a cultura do Brasil continua absorvendo modelos alienígenas à nacionalidade, ainda que de forma mais conglobante, devido à pluralização cultural da pós-modernidade; todavia, preservou-se aquela capacidade de apropriação original e criação genuína da antropofagia brasileira. Embora ainda restem vestígios daquela acepção selvagem que o mundo europeu atribuiu aos nativos das Américas, é inegável que esse novo mundo cresceu, fez notar as suas potencialidades.
Daí se justifica a opção por elevar o tamanho da obra, que ventila em proporção maior as cores nacionais propositadamente escolhidas por Tarsila, a colorir a paisagem planificada, os elementos naturais e suas figuras humanas desproporcionais.
As formas, aqui, já não aparecem arredondadas; sua reinterpretação desdobra as suas mais diferentes matizes em uma sobreposição geométrica, propondo a plena integração do homem com o universo que o circunda. As cores conferem emoção à concretude das formas, visão que transcende a síntese cubista e alcança ares de neoconcretismo.
Não se abandona a remissão da obra original ao mundo onírico das lendas indígenas e africanas em que está profundamente arraigada a cultura popular brasileira; pelo contrário, a proposta é a percepção de que o humano é parte do todo, o que inclui o acolhimento das raízes de formação do seu povo e, portanto, a cultura. O homem cria a cultura como resposta ao desafio da existência, para depois transformar-se de acordo com ela, na medida em que a cultura é dinâmica, sempre viva e em permanente metamorfose.
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