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Grito Primal

Foto do escritor: Priscila SissiPriscila Sissi

"Grito Primal"
Releitura de "O Grito"(1893) de Edvard Munch  
Artista: Priscila Sissi  
Acrílico sobre tela de 120 x 160 cm  
Ano:2021  
Local: SP- Brasil

Obra consagrada do expressionismo, "O Grito", ou Skrik em norueguês, uma das quatro pinturas da série criada por Edvard Munch a representar diferentes estados de afetação psíquica do ser humano, retratou a profunda angústia e desespero existencial exprimidos pela figura andrógina representada em primeiro plano na tela.


Na pintura original, as cores quentes do céu, que servem de paisagem à doca de Oslofjord representada no plano de fundo, contrapõem-se imediatamente às cores frias do rio que avança, em estranha perspectiva, no horizonte. Essa desmesura figurativa de cores resplandescentes e contrastantes, típica do expressionismo, torna patente a intenção desse movimento de vanguarda europeia em ser fiel à representação das emoções do pintor, tornando-se irrelevante a fidelidade ao real exigida pela tradição acadêmica.


A releitura da obra permite-nos a conversão da sensação aflitiva original para uma compreensão racional das formas e das cores. As linhas curvas das pinceladas de Munch, intencionando o efeito das ondas sonoras provocadas pelo grito, dão lugar a linhas retas, linhas que se aproximam do território do intelecto e remetem ao plano da vontade racional e da consciência.


É nesse ponto que o grito de angústia de Munch se transforma e se aproxima do conceito psicoterapêutico de "grito primal" criado por Artur Janov, como da técnica teatral do "grito original" do dramaturgo Antonin Artaud, seja como ato terapêutico de liberação de emoções reprimidas ou, simplesmente, pela esperança de mais vida.


Interpretada sob figuras geométricas claras, a releitura da obra confere racionalidade aos impulsos expressionistas, levando o seu espectador ao despertar da consciência existencial, de tal modo a perceber, através de cores bem definidas e simplicidade de formas, a conjuntura humana em que se insere. Desse modo, já não nos angustiamos com a dor do personagem; apreendemo-nos com ele, curamo-nos com ele. É um grito lírico, de liberdade e de regeneração.


Eu quero sim
Eu quero coisas novas
Mas o que eu procuro mesmo são mais vidas
Eu grito sim
Mas grito meu lirismo
E o meu grito vai sanar minhas feridas

E a música e a mística
Aplicam sangue novo no meu ser
Calam minha dor
E o lúcido, e o válido e o sólido
Vão matar você que evita o seu amor

Por isso eu vou
Trazer você comigo
Programar o amor em seus computadores
Vou mais além
Eu morro mas consigo
Germinar a minha flor em seus rancores

Nem dúvidas, nem dívidas
Jamais vão destruir a minha flor dentro de você
Que cérebro, que máquina
Conseguem fazer mais que um grande amor dentro de você

Saiba quem agride a minha lira
Quanto mais ferida, mais diz o que sente
Ainda vou ouvir você dizer pra mim, eu amo sim
Sou carne, sou osso, sou gente*


 

*TAIGUARA. "Carne e Osso". Álbum Carne e Osso (LP). Odeon: 1971. 3:51 min.

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